sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Reprogramação mental

Algumas pessoas, incluindo eu, são alérgicas à mesmice. Enjoam rápido das coisas, trocam várias vezes de emprego, vivem mudando o cabelo. Isso não é insatisfação, isso é gostar de mudanças, de desafios. Nada, até hoje, tinha desafiado tão bem a minha capacidade de adaptação.

Mudar de país é uma coisa interessantíssima. Quem me conhece sabe que falo bastante, aqui ainda não consigo falar as coisas que eu quero/penso em espanhol, por isso, ouço mais. E não é só o idioma diferente, tudo é diferente. A maneira como as pessoas se portam é diferente, a comida é diferente, os valores podem ser diferentes, até a máquina de lavar é diferente... Se pra algumas pessoas isso pode assustar, a mim, está ensinando.

Um exemplo bem simples desta adaptação é a nossa cozinha, bem menos equipada do que a brasileira. Na nossa casa a cozinha tem microondas, super kitchen machine revolution – que só não faz dinheiro – grill, cafeteira, enfim, esses eletros que acostumamos. Aqui tem o fogão, um miniforno elétrico, o liquidificador e deu. É inevitável comparar nossa vida de hoje com a que minha mãe viveu quando casou. Uma forte lembrança que tenho das noites na casa da minha mãe é ela pensando no almoço do dia seguinte e tendo que tirar a carne do congelador. O Isac e eu decidíamos na hora de fazer a comida, abríamos o congelador, pegávamos a carne escolhida, ela ia pro microondas e no máximo 15min depois já estava na panela. Só que sem microondas isso não é possível, estou tendo que praticar aquilo que mães fazem, tirar a carne na noite anterior... E quem disse que eu lembro????

Ontem aconteceu algo que me fez rir por um bom tempo. Já que nunca lembro da incapacidade de descongelar a carne na hora que eu quero, resolvi colocar um bilhetinho na porta da geladeira...




O Isac viu minha idéia sendo executada e disse que colocar um lembrete no celular seria mais eficiente. Tenho certeza que sim, afinal, sempre que preciso lembrar de algo importante é na agenda do celular que anoto e ele me lembra, melhor memória impossível. Acontece que sou meio teimosinha e deixei só no papelzinho mesmo. Só que o papel não tem alerta né, muito menos vibra. Para ser lembrado por um bilhete é preciso, pelo menos, ver o bilhete...
A última vez que entrei na cozinha ontem foi antes das 19h. Lá pelas 22h estávamos no quarto falando com a família pelo Skype o Isac foi buscar qualquer coisa na cozinha e voltou dizendo que tinha um recadinho pra mim lá na cozinha. Na hora comecei a rir. Primeiro pensei: “recadinho pra mim? na cozinha???” Aí lembrei, claro, o lembrete de tirar a carne... Aí ri mais ainda. Fui até a cozinha, fiz o que tinha que ser feito, voltei pro quarto e botei um lembrete no celular, assim eu garanto que teremos almoço com uma proteína nos próximos dias.

Acredito que a maior experiência, e o maior ensinamento, é sair do automático. É isso que estamos vivendo aqui.

Outro exemplo prático também envolve almoço, o de ontem. Queria comer frango à milanesa (que pra mim é a especialidade gastronômica da minha mãe). Só que além do frango, e de ovo, precisava de farinha de rosca. Não sabia se ia encontrar no mercado e lembrei que já ouvi várias vezes que para fazer farinha de rosca só precisa de pão adormecido. Uma rápida consulta ao moderníssimo pai dos necessitados, Google, confirmou. Eu precisaria de um liquidificador e pão. Tive certeza que era meu dia de sorte, pão adormecido eu tinha (que por sinal fazia cinco dias que estava dormindo em cima da geladeira ¬¬), liquidificador eu também tinha!!



Eu ainda me surpreendo com algumas coisas, em alguns minutos tinha um montão de farinha de rosca, juro, fiquei bem feliz!

Com a farinha de rosca, o ovo e o frango fiz o almoço, que ficou bem parecido com o da mãe, ótimo!

Um comentário:

Claudia Roennau disse...

uahuahuahuahuha... adorei a ideia do bilhetinho... e meus parabens pela farinha de rosca... essa mulher me orgulha... depois da keka ter me pedido umas ajudas ontem pra aprender a cozinha fico feliz em saber q vc ta se saindo muito bem. me lembro sempre daquela conversa q tivemos no parque da lama em coqueiros... viu como vc conseguiu? e o isac ta sempre do teu lado pra te socorrer qdo precisa???

beijos

amo vcs