sábado, 13 de agosto de 2011

Finalmente deixei de ser turista

Você já deve ter ouvido a expressão "Aos 45 do 2º tempo", para o relato de hoje vou adaptar para "Aos 15min do 2º tempo da prorrogação", já que minha situação era decisiva, como de final de campeonato. Estava vivendo na Colômbia como turista desde que entramos no país em maio. Para conseguir meu Visto de Beneficiária, que as esposas de quem tem o visto de Trabalho Temporário têm direito, precisava apresentar nossa certidão de casamento traduzida por um profissional juramentado, e com um selo do Consulado da Colômbia.

Todo o processo de pegar uma nova certidão no cartório, porque as certidões não podem ter mais de três meses desde a data de expedição, mandar traduzir, enviar para São Paulo e esperar ser liberada pelo Consulado, aguardar o prazo de entrega dos Correios e da empresa de correspondências de Bogotá, levou quase três meses. Minha permanência no país, como turista, era válida até o dia 13 de agosto, sábado. Com o vencimento dessa permissão duas coisas podem ser feitas: sair do país e retornar em outra data, ou pedir uma prórroga e ficar mais quanto tempo o departamento permitir. 

Com a demora do nosso documento, achamos que a solução seria pedir a prórroga, e quando a certidão chegasse dar entrada no pedido de visto. Faríamos isso na sexta-feira dia 12, no último dia para isso. Quinta-feira à tarde, quando cheguei do trabalho o tão aguardado envelope estava na portaria. Foi um alívio, afinal finalmente daria entrada na minha documentação, e seria um gasto a menos, já que tem que pagar para cada processo solicitado.

Reunimos a documentação e sexta-feira cedinho, antes das 8h da madrugada, fomos ao Ministerio de Relaciones Exteriores para pedir o bendito visto. O atendimento demora, já que todas questões de estranjeiros são resolvidas nesse departamento. Tem gente de todos os lugares com seus passaportes das mais diversas cores. 

Na entrada do setor, informando que queremos solicitar o visto, pagamos US$ 50,00 (que é o valor base para todos os pedidos, referente ao visto de estudante). Depois o atendimento é feito por um funcionário que confere a documentação, entrega o boleto para ser pago pelo trâmite (no nosso caso mais US$ 205,00 que é o mesmo valor do visto de trabalho) e para nossa agradável surpresa o visto é liberado na hora. O passaporte é devolvido com o visto colado e uma sensação de alívio toma conta da gente. 


O visto de beneficiária é um direto de quem vem acompanhar o marido, mas mesmo assim causa um certo incômodo essa situação de depender de uma autorização para continuar morando no país. Esse tipo de visto é chamado de Hogar/Estudiante, o que me permite ser "do lar" e "estudante", nada mais. 

Com o passaporte devidamente legalizado fomos ao Departamento Administrativo de Seguridad (DAS) para solicitar a Cédula de Extranjería, documento de identidade colombiano. Esse é outro lugar onde os estrangeiros se encontram, dá para conhecer o mundo todo se parar para conversar com cada um que passa por lá.

No DAS mais uma conferência de documentos, são fotos, comprovantes de pagamento, exame de sangue para saber o fator e o tipo sanguíneo e um formulário que pergunta, entre os dados habituais como nome, endereço e telefone, a religião, cor dos cabelos e dos olhos, estatura, forma física e marcas pessoais, pode-se dizer que é bastante completo.

O exame de sangue foi uma parte divertida da história. O laboratório, indicado pelo DAS, fica a uma quadra de distância, em um prédio residencial sem nenhuma placa, me senti entrando em uma clínica clandestina de aborto (eu e minhas ideias...). O atendimento é feito por duas senhoras muito engraçadas, que adoram conversar. Parecia um quadro de humor de um programa qualquer de televisão. Em 10 minutos o teste ficou pronto, se interessar possa sou O+.
A parte chata do DAS é que a pessoa que vai pedir o documento tem que entrar sozinha, acho que é porque o lugar já é pequeno, se cada um levar um amiguinho vai ficar impraticável. O Isac ficou um pouquinho na rua e depois, percebendo que ia demorar, disse para ele voltar para casa, já que era quase 13h e ele precisava trabalhar.

Depois de entregar os documentos fui chamada para tirar uma foto e fazer o registro das impressões digitais (dos dez dedos digitalmente e do indicador da mão direita na boa e velha tinta preta). Depois volta para a sala de espera e, imaginem, espera... Quase uma hora depois fui chamada novamente para pegar meu passaporte com um carimbo, já com o número da minha cédula, e com o aviso de que em 15 dias úteis posso voltar para buscar o tão aguardado documento.

Esse é o processo que todo estrangeiro deve cumprir, para morar legalmente no país. A vantagem é que em um dia foi tudo resolvido. Quem vem para trabalhar, e já ganha o visto no país de origem, caso do Isac, não precisa ir ao Ministerio, mas não escapa do DAS. Um pouquinho de paciência e boa vontade faz muito bem nessa hora, e facilita tudo.

Boa sorte para quem for encarar a missão de conseguir um documento colombiano.

2 comentários:

Mike disse...

e eu voltei a ser turista dia 10 pense que meu visto venceu e só posso renovar depois que o do meu marido tiver renovado, tá td bolando ai em Bogota, por conta disso perdemos o jogo do Brasil hoje :(... bjos

Jaciara Basso disse...

Parabens amiga! a vida de uma pessoa "lelgalizada' num pais fica muito mais facil!